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Banco de Moçambique reporta deterioração do défice da conta corrente em 2022


O Banco de Moçambique (BM) aponta para a deterioração do défice da Conta Corrente (CC) do país, em 2022, com o saldo conjunto e capital a incrementar em 76.3 por cento, alcançando a cifra acima de seis bilhões de dólares norte-americanos, correspondente a 37 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

A deterioração foi provocada em larga escala pelo aumento em mais de 100 por cento do saldo negativo na conta de bens, reflectindo o aumento das importações por parte dos mega projectos, com a chegada da plataforma flutuante da Coral Sul (FLNG), actualmente ancorada nas águas profundas da Bacia do Rovuma em Cabo Delgado, zona norte do país, a explorar hidrocarbonetos.

Com o actual cenário significa que, em 2022, o país não gerou poupanças internas suficientes para financiar investimentos a longo prazo, forçando a economia a recorrer a poupança externa para o financiamento das suas necessidades de consumo e investimento.

Devido a este factor as necessidades líquidas de financiamento externo incrementaram em relação ao PIB, em 14.6 pontos percentuais (pp), ao passar de 22.4 por cento, em 2021, para 37 por cento, em 2022.

A informação consta do relatório anual da Balança de Pagamentos (BoP) e Posição de Investimento Internacional (PII) publicado recentemente pelo BM, documento que tem por objectivo partilhar com os agentes económicos e o público, em geral, a evolução dos indicadores do sector externo da economia moçambicana.

“Este resultado reflecte a deterioração do défice da Conta Corrente face a igual período de 2021, de cerca de 15 pontos percentuais para 37.4 por cento do PIB, correspondente a 6.234,2 milhões USD, perante a contracção do saldo superavitário da conta capital em 4.8 pontos base, para 0.4 por cento do PIB”, lê-se no relatório do regulador.

O documento aponta, por outro lado, como factor decisivo, o aumento do défice da conta de rendimentos primários, também em mais de 100 por cento, correspondente a 5.5 por cento do PIB, devido ao aumento da exportação de capitais na sua maioria dos grandes projectos na componente de juros sobre empréstimos de investimento directo.

Mas, apesar da aludida deterioração, o BM aponta, igualmente, factores que serviram de almofada para a Conta Corrente, nomeadamente, o saldo positivo das transferências correntes acima de um bilhão de USD, equivalente a 6.7 por cento do PIB, resultado de aumento de recebimentos líquidos tanto pelo executivo, como pelos outros sectores da economia.

Também contribuiu para amortecer o défice da CC, a melhoria do saldo da conta de serviços ao reduzir seu défice em 16.6 por cento, pela diminuição na contratação de serviços de assistência aos grandes projectos e pelo aumento da receita líquida do turismo.

Refira-se que retirando da Conta Corrente moçambicana, a factura da importação, no primeiro trimestre 2022, da plataforma flutuante da Coral Sul FLNG da área 04 da Bacia do Rovuma, avaliada em 13.337,3 milhões de USD (79.2 por cento do PIB), o défice reduz significativamente.
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