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Transportadores Internacionais da rota Maputo-Durban ainda não se recuperaram do trauma


Por: Omar Ali

Depois dos sucessivos ataques contra viaturas com matrícula moçambicana, perpetuados por um grupo de bandidos, na vizinha África do Sul, os transportadores internacionais de passageiros com viaturas de matrícula nacional nunca mais tiveram a mesma tranquilidade nas viagens com destino à província sul-africana de KwaZulu-Natal.

“A estrada já não é segura, nós não temos mais a mesma vontade de viajar”, disse à nossa reportagem um transportador que faz aquela rota há cerca de sete anos.

É que, desde a inclusão dos ataques à viaturas com matrícula moçambicana, datados de 24 de Janeiro, as respostas das autoridades foram pouco esclarecedoras, apesar de já ter sido detido um indivíduo por parte das autoridades moçambicanas e haver, igualmente, cinco processos-crime contra cinco indivíduos instaurados pela polícia sul-africana, as autoridades dos dois lados não vieram, ainda, ao público com um argumento confortável, na visão dos transportadores, capaz de esclarecer a motivação dos actos que ele mesmos, os transportadores, classificam-nas de “bárbaras”.

O governo de Moçambique, através do ministério dos Transportes e Comunicações (MTC) já reuniu diversas vezes com os trabalhadores que fazem aquela rota, na tentativa de encontrar meios subalternos para um problema cuja magnitude já transcendeu a dimensão de uma “bandidagem” motivada pela fome ou algo parecida. O diário xxxx sabe que, numa das reuniões, o ministério dos transportes e comunicações chegou a sugerir que os transportadores parassem de fazer viagens para a província sul-africana de KwaZulu-Natal até que a segurança se restabeleça.

“Nós entendemos que não podemos parar porque estaríamos a penalizar os nossos clientes”, refere Frederico Ambrósio, Presidente da Comissão dos Transportes Internacional de Passageiros do Sul do Save. Por isso, acrescenta, “nós preferimos usar outros pontos de travessia, só para não deixarmos os nossos clientes sem viajar, porque nós já temos compromisso com os nossos patrões [os passageiros].
Prejuízos adicionais aos custos do operador
A decisão tomada pelos transportadores, a de usar outros pontos de travessia, como a fronteira do Reino de Eswatini, não só é demorada e ineficaz, como também adiciona um custo elevadíssimo no seu orçamento operacional e, mais do isso, gera danos aos passageiros.

Sucesso que, para quem vai à KwaZulo-Natal, usando a actual via alternativa adoptada pelos trabalhadores, precisa carimbar o passaporte em quatro pontos fronteiriços numa viagem de ida e volta, nomeadamente na fronteira de Moçambique com o Eswatini e, depois, de Eswatini para a África do Sul, vice-versa no movimento de volta.

“Até isso parece pouco. Temos outro problema que está relacionado com o desembaraço aduaneiro das mercadorias. As autoridades do Eswatini são muitos rigorosas na fiscalização e, por isso, as mercadorias de alguns passageiros acabam ficando retidos na fronteira”, contou um dos transportadores antes de referir-se ao custo de combustível que, por conta do desviou, aumentou em cerca de 1.000.00 Rands (mais de 3 500.00 meticais, de acordo com o câmbio do dia).

É por causa desses transtorno a que os passageiros estão sujeitos, quando viagem nas viaturas com matrícula moçambicana, tendo que fazer o desvio pela fronteira de Eswatini, que acabam optando por viajar em viaturas com matrícula sul-africana, porque estes continuam fazendo a travessia através da fronteira da Ponta de Ouro.

O governo continuam no Ping-Pong
Depois da Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, ter garantido à imprensa, no dia 30 de Janeiro, que havia sido montado um dispositivo de segurança para impedir a vandalização de viaturas de moçambicanos na África do Sul, em menos de um dia mais uma viatura com matrícula moçambicana foi incendiada.
Dito doutra forma, os malfeitores contrariam simplesmente as garantias da ministra moçambicana, facto que gerou estranheza porque, no mínimo, as garantias vindas do governo, principalmente em matérias que envolve outros estados, devia primeiro ter passado por um processo de concertação ou negociação entre as duas partes.
Sem, no entanto, com isso, pretender assumir que não houve tal negociação, mas não pôde passar despercebido a estranheza gerada por essa situação.
Teoria de retaliação?
É já consensual e, por isso, redundante voltar a falar das viaturas alta cilindrada supostamente roubadas na vizinha África do Sul, com destaque para a província de Gauteng e que entram, através de vias desconhecidas, para o território nacional e na sua maioria são usadas em duas províncias nomeadamente, na província de Gaza, nos distritos de Chókwè e Guijá; e na província de Inhambane, no distrito da Massinga. Esses carros podem estar na origem dos revoltados sul-africanos que há tempos queimam viaturas com matrícula moçambicana.

É que, com os sucessivos ataques à viaturas com matrícula moçambicana, as autoridades sul-africanas confirmaram, em Fevereiro último, tratar-se de um processo de retaliação à onde de roubo de viaturas naquele país e que, segundo apurou o Diário xxx, o governo moçambicano tem dificultado o processo de devolução dessas viaturas, mesmo que eles mesmos [os sul-africanos] as identifiquem no território moçambicano.

Entretanto, a 23 de Março, a Ministra do Interior, Arsénia Massingue, veio ao público assumir o compromisso da devolução das viaturas roubadas no território sul-africano, tendo garantido que quatro delas já foram entregues às autoridades daquele país.

“Já estiveram cá as autoridades sul-africanas e fizemos a entrega de quatro viaturas roubadas naquele país e, neste momento, estamos à espera da documentação para o repatriamento de outras 57 viaturas roubadas para a África do Sul”, disse.
Os transportadores esperam, efectivamente, que com essas medidas o cenário volte ao normal. Ambrósio sublinha, ainda, que “Nós não podemos dizer que a queima de viaturas parou. Agora só não queimam porque não têm o que queimar, porque nós já não usamos aquela travessia”,

Desde o registo do primeiro caso, no passado dia 24 de Janeiro, já se contabilizam, até ao momento, cerca de 14 viaturas incendiadas, sendo quatro de transporte de passageiros e 10 de particulares.
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